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ARTHUR FORTES

(1881-1944)

Arthur Augusto Gentil Fortes nasceu em Aracaju, Sergipe, em 23 de julho de 1881 e faleceu no dia 23 de novembro de 1944.

Foi professor vitalício da cadeira de História Geral e do Brasil do Atheneu Sergipense entre 1916 e 1944, além de lecionar História e Francês no colégio Tobias Barreto, assim como Francês e Geografia no Instituto América. Além do magistério, Fortes também atuou como deputado estadual entre 1910 e 1911, como também entre 1923 e 1925. Foi professor vitalício da

cadeira de História Geral e do Brasil do Atheneu Sergipense entre 1916 e

1944, além de lecionar História e Francês no colégio Tobias Barreto, assim

como Francês e Geografia no Instituto América. Além do magistério, Fortes

também atuou como deputado estadual entre 1910 e 1911, como também

entre 1923 e 1925. (Fonte da biografia: http://www.sitioftp.com/)

 

 

               

ETERNA MÁGUA

Não posso me esquecer! Foi uma noite horrível!
Teu suspiro final entre os meus braços deste,
E foste além no mundo indefinível,
do mistério sem fim da habitação celeste.

Apraz-me contemplar o tétrico cipreste
Que banha a campa tua em soluçar sensível,
E que com a sombra guarda o florescer agreste
Dos ramos que plantei nessa morada incrível.

Às vezes penso ver bem como um doce trenó
Tua alma esvoejar no céu azul, sereno,
Acenando de lá e esta alma dolorida!

E nesse instante atroz acode-me à lembrança
Partir o fraco fio à última esperança
E ir contigo viver a vida de outra vida.

(de Evangelho de um triste (1904))

 

 


INVERNIA


Nessas tardes de inverno escuras e nevoentas,
De uma frieza irritante,
Quando o vento galope e nuvens pardacentas
Fogem no azul distante.

Eu cismo em tanta coisa, eu penso tanto em tudo,
Que o meu ser estremece;
Qual se não resistisse a esse combate mudo
Que em mim se estabelece!

O espaço recortado atravessam sombrias
Negras asas ligeiras.
Levadas no furor das doidas ventanias
Em rápidas carreiras!

Escoam-se através d´árvores bracejantes
Constantes pingos de água!
E as árvores assim tristonhas, lacrimantes,
Lembram estátuas de mágoa!

Dói ver campina em fora em toda a vastidão
As flores desbotadas!...
Lembrando-nos assim tristonha procissão
De virgens desoladas!

Pesada a chuva cai! Estranha escuridade!
De amor se quer um canto!
O mundo até parece a mão da caridade
Dando esmolas de pranto!

E só e triste e exausto eu penso tanto em tudo,
Que o meu ser estremeces:
Qual se não resistisse a esse combate mudo
Que em mim se estabelece!
(1905)    

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020

 

 

 


 

 

 
 
 
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